Qual a moral da história?

O menino e a descoberta

(Autora: Ana Paula Teixer)

Joãozinho era um menino feliz, inocentemente feliz. Estudava no mesmo colegio desde o maternal, por isso convivia sempre com os mesmos amigos, coleguinhas de classe que cresceram junto com ele, aprenderam junto e descobriram muitas coisas juntos também.
Agora Joãozinho já estava na 4. série, tinha acabado de fazer 10 anos e já começava a se sentir um pequeno homenzinho. Agora ele já sabia das coisas, nem adiantava vir com histórinhas sem sentido para o lado dele não! Tudo tinha que ter um porquê e uma razão, senão não colava.

Mas neste ano em especial, alguma coisa a mais iria mudar na vida de Joãozinho, sem que ele se desse conta. Entrava na escola uma nova colega, a Laura, que era na verdade sua prima e vinha transferida de outra escola para a escola de João. Laura, como normalmente toda menina é, era mais descolada, mais madura e já tinha deixado as bonecas de lado muito antes do João ter deixado seus carrinhos.
João, ficou contente com a mudança, apesar dela ser menina, ele e Laura sempre se deram muito bem e ele confiava muito nela, sentia agora que não estava sozinho, teria uma aliada na sala, caso precisasse.

Algumas coisas na nossa vida passam desapercebidas e não nos causam danos até que as descobrimos ou alguém nos "apresenta" de uma perspectiva diferente.
João vinha de uma família rica, seu avô era um grande empresário que passou o legado para seu pai que só fez aumentar ainda mais o império que possuíam. Por causa disso, mesmo que ele não fosse muito ligado em coisas materiais, era natural que seus pais e tios o cobrissem com os mais caros brinquedos e as últimas novidades das lojas. Quando anunciavam algo novo na TV, ele já tinha bem antes, porque seu pai já tinha trazido de alguma viagem ao exterior.

Sexta-feira era dia de brinquedo na escola e quando tinha novidades, João levava pra brincar com os amigos, afinal, de que adianta ter algo legal senão tiver com quem brincar, não é mesmo?
Daí era aquela festa! Todos corriam para ver o que ele tinha ganhado, todos queriam pegar na mão e brincar um pouco, todos queriam ser amigos de João naquela hora…

Num outro dia, quando tocou o sinal para o recreio, João procurou alguém para lanchar com ele e percebeu que todos já haviam feito seus grupinhos, por um momento ele pensou, porque ninguém o havia chamado? Mas logo deixou esse pensamento de lado, chegou de fininho em uma das rodas, sentou-se ali e como quem não quer nada, conquistou seu espaço.
Não era a primeira vez que esse tipo de coisa acontecia, outras vezes João já havia percebido alguma indiferença por parte de alguns colegas com relação a ele, mas ele acreditava que aquilo deveria ser normal, com todo mundo, afinal, as pessoas não tem que querer estar com ele todos os dias, sabia que num outro dia conseguiria atenção. Por isso ficava doido para chegar a sexta-feira! Não porque era metido e queria se mostrar com seus brinquedos, não! João ficava assim, porque era o dia em que se sentia importante, todos prestavam atenção no que ele falava, sorriam pra ele e todos ficavam felizes… isso deixava João feliz. Na verdade, ver a felicidade dos outros deixava João feliz.

Laura já estava frequentando as aulas a duas semanas e começou logo também a notar o que estava acontecendo naquela sala. Perceber isso a deixou furiosa! Ela não podia admitir que fizessem o primo dela de idiota, afinal, estava claro que aqueles amigos não gostavam dele de verdade, mas só o procuravam por interesse. Então, sempre que tinha oportunidade, Laura alertava o primo.

_ João, os meninos foram jogar bola, você não vai porquê? Ninguém te chamou? Perguntou Laura.
_ Sério? Que legal, vou lá ver se ainda tem lugar no time! Respondia João todo empolgado.
Então Laura logo jogava um balde de água fria: _ Você é bobo, se eles não te chamaram é porque não gostam de você, se eu fosse você não ia lá implorar pra jogar não!
Ouvindo isso, ele pensativo, consentia com a cabeça e dizia: _ Acho que você tem razão, deixa pra lá…

Esses alertas começaram a ficar mais frequentes pois Laura estava mesmo muito empenhada em abrir os olhos de seu primo e cada vez mais ele sentia que aquilo deveria ser mesmo verdade. Pensando bem, como pode ter sido feito de bobo esse tempo todo? Todos só querem seus brinquedos, ninguém quer ser seu amigo. _Ninguém gosta de você de verdade João! Insistia Laura.
O que antes era só um pensamento ruim que ele sozinho conseguia mandar embora, se tornara tristeza, mágoa e por fim raiva.
_Quer saber? Falava Joãozinho para seus colegas… _Ninguém mais vai brincar com minhas coisas, não vou trazer mais nada, se quiserem cada um que peça para o seu pai comprar!
Com isso, a semana de João agora era assim: de segunda a quinta ele ficava sozinho, lanchava sozinho, não brincava com ninguém, porque não chamavam como antes e ele também não arriscava mais uma aproximação. E de sexta-feira, ah… de sexta-feira era pior ainda, porque os colegas se divertiam de qualquer forma, com os brinquedos que cada um trazia ou com o que tivesse na escola mesmo e ele mais uma vez ficava sozinho alimentando ainda mais sua mágoa.

Laura, estava feliz, havia conseguido o que queria. Ninguém mais estava fazendo seu primo de idiota, fingindo ser amigo só quando interessava e Joãozinho não era mais inocente, tinha descoberto a verdade, se sentia muito maduro agora, afinal havia feito algo importante ao desmascarar todo mundo e não permitir que continuassem com aquilo.

João agora deixava de ser inocentemente feliz para ser maduramente amargo e triste.

Fim.


Agora você pode pensar e escolher, qual a moral da história?

1- Melhor sozinho do que com amigos que só te procuram por interesse.

2- Se der ouvido a maldades, logo todos os seus sentidos estarão contaminados até chegar o amargo no seu coração.

3- Escreva a sua!


Um beijo a todos!

P.S. Ah!… Se quiserem saber a minha, eu escolho a número 2, acho que as coisas nunca podem ser levadas ao extremo e ainda acredito nas pessoas e no amor, não quero me deixar ser inflamada por uma "verdade" que só vai me fazer mais mal ainda. Joãozinho era feliz sendo inocente e pensando bem, será mesmo que os amigos não gostavam dele? Tenho vários tipos de amigos e nem todos eu procuro em todos os momentos, alguns procuro quando preciso rir, outros quando preciso de conselhos, outros para me acompanhar ao shopping… e como sou tímida já me afastei e me senti excluída também, fazer o quê? Eu quero é ser feliz!

Paulinha Teixer

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